segunda-feira, 27 de julho de 2015

TCC Especialização EAD IFNMG

ARTIGO DE TCC ESPECIALIZAÇÃO EAD IFNMG

O DOCENTE EM EAD NA ERA DA CIBERCULTURA
Gilberto Aparecido Soares Medeiros[1]
Hilda Marta Guimarães Antunes[2]
Professora Orientadora: Daniele Rocha Silva[3]

Resumo: A EaD não é um modelo de educação exclusivo da contemporaneidade, ela teve início na segunda metade do século XIX e estendeu-se ao longo da história moderna através de cinco gerações. Neste processo, a figura do docente em EaD passou por várias configurações até a formulação mais comum na atualidade: o docente virtual, que desenvolve suas práticas diretamente no ciberespaço. Este trabalho objetiva analisar e discutir a relação existente entre a prática do docente em EaD e a cibercultura e a influência desta na vida profissional daquele, partindo da questão: qual o impacto da cibercultura na prática docente em EaD no contexto contemporâneo? Justifica-se pela constatação de um discurso cada vez mais profundo em torno do docente em EaD e de sua relação íntima com a cibercultura. A realização do trabalho deu-se por meio da escolha, leitura e análise de literatura já existente na área, sendo uma revisão literária, constituindo-se de uma pesquisa bibliográfica.
Palavras-chave: EaD, Docente EaD, Cibercultura, Ciberespaço, Novas Tecnologias da Informação.
Introdução
       A Educação a Distância não é uma prerrogativa contemporânea. Ela surgiu no contexto da segunda metade do século XIX, chegando ao Brasil na primeira metade do século XX. Seus métodos, objetivos e materiais variaram conforme o contexto histórico, o lugar e os interesses políticos. De modo geral, a EaD passou do método a distância via correspondência impressa para o uso do rádio, da televisão e, de modo definitivo, do computador e da internet.
         A figura do docente em EaD também variou conforme a própria EaD. Se antes era um estranho, passou a figura midiática através do uso das ondas do rádio e da imagem da televisão. Atualmente, acampa uma nova forma, seja qual for o método ou meio de comunicação usado para transmitir, produzir e receber conhecimento.
        Pode-se dizer que o docente EaD na contemporaneidade é um ser midiático, visto que a maior parte da EaD dá-se por meio das tecnologias da comunicação e informação (TICs). Porém, não deixa de ser especificamente humano e interativo.
       A interação entre docente EaD e Cibercultura tem produzido novas formas de comportamento, sobretudo por uma determinante influência desta sobre aquele. Essa relação não é de todo negativa, pois possibilita ao docente reinventar seus métodos educativos e dá-lhe a oportunidade de aprender novas maneiras de educar.
         A proposta deste trabalho parte desse pressuposto para sua elaboração, indagando qual o impacto da cibercultura na prática docente em EaD no contexto contemporâneo. Objetiva analisar e discutir a relação existente entre a prática do docente EaD e a cibercultura e a influência desta na vida profissional desse educador na atualidade.
         Este trabalho justifica-se pela constatação de um discurso cada vez mais profundo em torno do docente EaD e de sua relação íntima com a cibercultura, especialmente no que diz respeito à sua atuação como educador usando as novas tecnologias e os diferentes ambientes virtuais de aprendizagem, bem como as diversas redes sociais e meios de comunicação disponíveis. Parte da questão: qual o impacto da cibercultura na prática docente em EaD no contexto contemporâneo, visando contribuir no debate sobre o assunto.
         A realização do trabalho deu-se por meio da escolha, leitura e análise de literatura já existente na área, sendo uma revisão literária, constituindo-se de uma pesquisa bibliográfica, que é aquela “elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet” (SILVA, 2015, p. 21). Após a análise da bibliografia, elaborou-se o presente texto par ser apresentado à banca Examinadora do Curso de Pós-graduação Latu-Sensu em EaD do IFNMG para análise e aprovação seguido depois de apresentação através de pôster em seminário final do curso.
REVISÃO DA LITERATURA
Aspectos históricos da EaD
         Ao longo dos anos, o termo Educação a Distância tem sido referido por diferentes terminologias: “ensino aberto, ensino a distância, formação a distância, entre outras” (OLIVEIRA, 2012, p. 57). Atualmente são mais comuns as terminologias Educação Aberta e Educação a Distância. Esta última tendencia a predominar, representada, normalmente, pela sigla EaD. Este trabalho opta pelo uso desta sigla por sua atual representatividade e facilidade.
         Para Oliveira, a EaD “deve ser compreendida como uma prática educativa situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educação, de se democratizar o conhecimento” (OLIVEIRA, 2012, p. 57). Nessa forma de fazer educação, “a educação clássica foi reconfigurada por uma nova possibilidade, a flexibilidade de tempos e espaços para ensinar e aprender” (OLIVEIRA, 2012, p. 59).
Em EaD, o protagonismo do aluno é fundamental, apesar da figura do docente ser indispensável. A organização do tempo, a autonomia e a dinamização dos espaços educativos são outras características importantes, sem as quais docentes e discentes não conseguem levar a termo uma educação de qualidade.
             Embora pareça ter surgido muito recentemente, devido à sua expansão nas últimas décadas, a EaD possui uma história longa, identificada no processo da história moderna desde a segunda metade do século XIX, na Europa. Vários autores dividem a história da EaD em pelo menos quatro gerações e Oliveira (2014) e Santos (2009) apontam a possibilidade de se falar numa quinta geração, como apresentado a seguir.
           A Primeira geração de EaD surge no fim da segunda metade do século XIX indo até o início da segunda metade do século XX. Conforme Oliveira (2014) e Trenk (2014), nesse período prevaleceu o ensino por correspondência, utilizando-se dos meios de transporte como trens e de comunicação, como os correios, para difundir a formação educativa dos alunos ligados a alguma instituição. Todo o material “didático” era impresso com tarefas e exercícios. Não havia interatividade entre os docentes e os discentes e os cursos eram apenas informativos. Para Trenk (2014), o objetivo dos cursos era a formação industrial de massa, visando suprir uma mão de obra escassa no período. Trenk (2014) denomina esse modelo de formação em EaD de “fordismo”.
          No Brasil, conforme Pesce (2011), essa modalidade educativa iniciou-se na década de 1940, com a Fundação do Instituto Rádio-Monitor, o Instituto Universal Brasileiro e o Projeto Minerva, como seus pioneiros. Próxima da primeira geração europeia de EaD, e integrada em sua segunda parte, esse processo educativo cumpriu o papel a que se destinava no Brasil: “promover acesso ao conhecimento socialmente legitimado a segmentos sociais menos favorecidos, mediante ações de educação formal e não formal” (PESCE, 2011, p. 10), através de material impresso e do rádio.
             A segunda geração, conhecida como “geração analógica”, ocorreu entre os anos 1960 e 1980. Teve início com o surgimento das Universidades Abertas de ensino a distância em vários países da Europa, Ásia e África, cujo modelo seguido era o da Open University britânica, fundada em 1969 (TRENK, 2014). Oliveira caracteriza a Open University como “universidade de ensino a distância: acesso livre. Material de curso pré-preparado por equipe, transmissão por rádio e televisão. Orientação e aulas particulares em centro de estudos, seminários” (OLIVEIRA, 2012, p. 64).
           Essa geração caracterizou-se pelo acréscimo de novas mídias, como “a televisão, o rádio, as fitas de áudio e vídeo, o telefone e, mais tarde, na década de 1980, os computadores” (TRENK, 2014, p. 69). A metodologia desse período baseava-se no uso da teleducação/telecursos, via programas radiofônicos, televisivos, aulas expositivas, fitas de vídeo e material impresso. Predominava a comunicação assíncrona (OLIVEIRA, 2014).
            Segundo Trenk, o contexto histórico deste período era o  neofordista, caracterizado pela “alta inovação dos produtos e na variabilidade do processo de produção, mas manteve do fordismo a organização fragmentada e controlada do trabalho” (TRENK, 2014, p. 69). A EaD procurou adaptar-se às demandas sociais, surgindo duas tendências: a permanência do modelo anterior e uma “proposta incipiente de educação mais flexível quanto aos conteúdos e mais personalizada no atendimento ao aluno” (TRENK, 2014, p. 69). Começa, então, a flexibilização da EaD.
           A terceira geração de EaD surge a partir da década de 1990, baseada no uso do computador e da internet, desenvolvendo a comunicação síncrona e assíncrona (chats, fóruns, listas de discussão...). Neste período, conforme Oliveira (2014), há uma viabilização de novo tipo de interação social que supera a “distância social”, a “distância geográfica” e o “tempo” entre docentes e discentes.
       Trenk (2014), descreve a acoplação de novos elementos pela EaD, como o videotexto, o microcomputador, a tecnologia de multimídia (com sons, imagens, textos), o hipertexto e redes de computadores com utilização de banda larga, características próprias da educação online. Ocorre, nesta geração, o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Surgem o espaço virtual de aprendizagem e um processo educativo mais centrado no aluno. Há uma redefinição dos objetivos e estratégias da EaD, a partir dos paradigmas pós modernos: inovação, mediação, interação e criação. Desenvolve-se uma EaD mais dinâmica, mas resistente: apesar das novas abordagens e dos novos paradigmas, predomina o modelo pedagógico de oferta e distribuição de informações, próprios da comunicação de massa.
A quarta geração da EaD é marcada pelo uso de aparelhos móveis, munidos de tecnologias inovadoras mais avançadas do que as encontradas  nos próprios computadores. Entre esses aparelhos destacam-se o celular, o smartphone e o tablete, considerados tecnologias da comunicação e informação acessíveis a um grande número de usuários,
capaz de viabilizar a troca de informações e de produção do conhecimento em tempo instantâneo possibilitando estabelecer e manter a interação dos participantes de uma comunidade de aprendizagem com maior qualidade e rapidez (OLIVEIRA, 2014, p. 07).

Segundo Santos (2009) e Oliveira (2014), já se pode falar em quinta geração de EaD, demarcada pelo uso da banda larga e democratização da internet. Neste sentido, a EaD caracteriza-se pelo uso variado de plataformas online, como o Moodle e o AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), além de outros meios de comunicação, como as mídias sociais. Santos afirma sobre a quinta geração de EaD:
identificada por James C. Taylor como sendo a reunião de tudo o que a quarta geração oferece mais a comunicação via computadores com sistema de respostas automatizadas, além de acesso via portal a processos institucionais. Enquanto a quarta geração é determinada pela aprendizagem flexível, a quinta é determinada por aprendizagem flexível inteligente (SANTOS, 2009, p. 5659).
Os novos procedimentos em EaD estão diretamente inseridos em um novo fenômeno denominado Cibercultura, ligado ao avanço da tecnologia, da internet, dos novos meios de comunicação e das redes sociais. Há quem diga que a EaD, no estágio de desenvolvimento em que se encontra, é resultado deste fenômeno (SANTOS, 2011).
No contexto das discussões em EaD, Silva (2011) diferencia EaD de EOL: Educação a Distância de Educação Online. Parece meio ilógico tal diferenciação, uma vez que a educação a distância utiliza os meios de comunicações e as plataformas online para se desenvolver. No entanto, esse pensamento não é de todo inadequado, pois EaD estende-se para além dos meios de comunicação digitais, podendo ainda ser realizada através da televisão ou mesmo do correio. As novas tecnologias não impediram uma constante nos métodos mais antigos na EaD, apesar da cibercultura e do ciberespaço.
Cibercultura: entendendo o fenômeno
              Para se entender melhor a figura do docente em EaD atualmente e sua relação constante com a cibercultura, é necessário compreender o fenômeno da cibercultura, seus alcances e sua importância para a docência online. Faz-se necessária uma descrição de algumas definições de cibercultura e ciberespaço para compreensão da docência em EaD.
              Para a compreensão dos conceitos de cibercultura e ciberespaço, partir-se-á dos conceitos empregados pelo filósofo francês Pierre Lévy, aceitos como mais eficazes na definição desses dois fenômenos da tecnologia e da comunicação contemporâneas.
              Pierre Lévy define a cibercultura como o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 1999, p. 17). Por ciberespaço o autor compreende o “novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores” (LÉVY, 1999, p. 17).
Poder-se-ia imaginar que a cibercultura seria um fenômeno ligado apenas ao avanço tecnológico e informacional, porém, uma análise mais clara da definição de Lévy demonstra que o autor compreende por cibercultura um “conjunto de técnica”, não apenas materiais, mas também intelectuais.
            O conceito de intelectualidade aplica-se, entre os estudiosos, ao conhecimento humano. Logo, aquilo que Lévy conceitua como cibercultura envolve diretamente o conceito de cultura produzida pelo ser humano. O autor aplica em seu conceito os substantivos “práticas”, “atitudes”, o advérbio “modo de pensamento” e o substantivo “valores”, vocábulos significativos das ações humanas e de seu comportamento. De tal modo, o conceito de cibercultura de Lévy abarca o envolvimento do ser humano no desenvolvimento da mesma. Tal desenvolvimento, para Lévy, liga-se ao crescimento do ciberespaço.
           Ciberespaço na concepção de Lévy é o novo meio de comunicação que resulta da ligação e interligação de computadores em todo o mundo. É o novo espaço, construído através de ligações virtuais, para as quais as potencialidades da internet 2.0 são fundamentais, sem as quais, não é possível. Esse novo meio de comunicação abrange as comunicações sonoras (rádios, celulares, softwares de fala, televisão, vídeos etc.), as comunicações digitais (textos, hipertextos) e as comunicações imagéticas (figuras, fotos, imagens...), entre outros.
         O termo especifica, na concepção de Lévy, não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, aquilo que ele chama de rede mundial de computadores, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. O ciberespaço, portanto, é fruto da cultura produzida pelo homem, tal como a cibercultura e, consequentemente, estão intimamente ligados.
Diante do exposto, a sociedade e, por conseguinte, a educação, especialmente a EaD, caminha numa direção sem volta: aquela da inovação tecnológica da cibercultura e do ciberespaço. Pode-se dizer, então, que:
navegar é preciso na era da cibercultura. Uma era marcada pela forte presença das mídias digitais em nossas vidas. E, a cada instante, transforma a nossa relação com o mundo de várias formas, e influencia, inclusive, os modos de ensinar e aprender (PROGRAMA SALTO PARA O FUTURO, 25.04.2011).

Apesar da definição, que se tornou clássica, de Pierre Lévy, outros autores apresentam novas definições, embora nenhuma contradiga a de Lévy, apresentando a cibercultura e o ciberespaço diretamente ligados à cultura citadina, como um fenômeno resultante, em parte, da cultura que surge do crescimento moderno das cidades. Santos define cibercultura como “a cultura contemporânea estruturada pelo uso das tecnologias digitais em rede nas esferas do ciberespaço e das cidades” (SANTOS, 2011a, 05).
Santos insiste na importância da ligação entre cibercultura e espaço urbano. Portanto, “cibercultura é a cultura contemporânea que conecta várias redes via mediação do digital, e isso não fica só no ciberespaço, mas afeta totalmente as cidades, todos os equipamentos culturais, inclusive a escola e a universidade” (SANTOS, 2011b). Na concepção de Santos, escolas e universidades estão incluídas no conceito de “equipamentos culturais”, ou seja, produções humanas modernas diretamente ligadas aos avanços tecnológicos da produção cibercultural.
Tomando em consideração o contexto no qual Oliveira insere a quinta geração de EaD, pode-se concluir que Santos afirma que
a cibercultura vem se caracterizando pela emergência da Web 2.0 com seus softwares e redes sociais mediadas pelas interfaces digitais em rede, pela mobilidade e convergência de mídias, dos computadores e dispositivos portáteis e da telefonia móvel (SANTOS, 2011a, 05).
Será possível, portanto, dar credibilidade ao pensamento daqueles que afirmam que a EaD, como configurada atualmente, seja fruto desse processo cibecultural. Oliveira enfatiza: “a Educação a Distância tem, na mídia, a essência do processo de aprendizagem, do conteúdo e do aluno, bem como da relação entre professor e aluno” (OLIVEIRA, 2012, p. 59). Ou seja, é impossível falar de EaD sem falar de mídia, cibercultura e ciberespaço. A EaD trilha as instâncias das conexões do ciberespaço com tanta facilidade como as respostas de um bate papo num chat aberto em internet banda larga 2.0.
Neste trabalho, a pergunta mais instigante é: como fica o docente em EaD na era da cibercultura? Uma resposta resumida e precisa é apresentada por Oliveira: “as velozes mudanças tecnológicas impõem outro ritmo à tarefa de ensinar e aprender” (OLIVEIRA, 2014, p. 09). Ou seja, o docente em EaD na era da cibercultura precisa reinventar seus métodos de ensino-aprendizagem, adotando, especialmente, as novas tecnologias no desempenho de suas atividades.
O docente em EaD na era da Cibercultura
Antes de abordar diretamente o docente em EaD na era da cibercultura, faz-se necessário entende-lo. Para Mill,
antes de ser um profissio­nal da educação, todo educador é um sujeito, um ser humano. (...) um sujeito complexo, com saberes especiais, adquiridos por uma formação específica, com diversos preconceitos e motivações. É esse sujeito-profissional que dará suporte aprendizagem aos estudantes (MILL, 2012a, p. 20).
          Mill afirma que esse docente é, antes de tudo, um ser humano, um sujeito construtor de sua própria história, que desenvolve pontos de vista próprios sobre si mesmo, sobre os outros e sobre sua profissão. É sujeito do processo de ensino-aprendizagem com o qual está envolvido tal como o estudante ou os gestores, e gestor, na concepção de Mill (2012b).
             Esse sujeito é complexo, com saberes próprios, adquiridos através da experiência e por meio de estudos. Como qualquer pessoa, possui preconceitos sobre muitas coisas, inclusive sobre a educação a distância. Pode ainda ser um docente que tomou a educação a distância como processo educativo ineficiente ou de pouca importância, vindo depois integrá-lo como realização pessoal.
          Em que se difere o docente em EaD do docente em educação presencial? Sinteticamente, diferencia-se no domínio do mundo tecnológico que se lhe impõem na execução do seu ofício, na diferenciação de seus métodos pedagógicos e na ampliação dos saberes. Nos outros aspectos, são iguais.
           Relativamente ao domínio tecnológico, os conhecimentos do docente em EaD são recentes, especialmente ao se tratar das tecnologias de comunicação e informação (TICs). De qualquer maneira, mesmo no período da EaD por correspondência, o docente precisava conhecer os meios pelos quais enviar e receber materiais de estudo, avaliações e certificados. A questão primordial aqui é quem era o docente, como se dava o seu trabalho e qual a sua importância em cada fase da evolução histórica da EaD.
        Pela análise feita na primeira parte deste trabalho, percebeu-se um distanciamento entre o docente e o estudante de EaD. Se atualmente esta distância trás consequências negativas na formação a distância, apesar de toda interação via ferramentas de informação e apesar da tutoria presencial, entre a primeira e a terceira geração de EaD tal distância apresentava consequências ainda mais graves. Se há uma constante fundamental nesse processo histórico da EaD é que ela “não prescinde do professor” (RAMONY, 2012, p. 59).
            Não prescindir do professor, no entanto, não faz deste a figura central e mais importante no processo de ensino aprendizagem na EaD. Na construção da identidade entre docente e estudantes em EaD, a maioria dos estudiosos aponta o estudante como principal sujeito do processo ensino aprendizagem. Porém, o docente não pode perder sua posição significativa como sujeito também desse processo.
             Reconhecesse-se aqui a dificuldade de aceso a materiais que abordem diretamente a figura do docente EaD antes do surgimento das TCIs. Por isso, partir-se-á das contribuições dos autores já citados neste texto, mormente as contribuições de Trenk, para sua composição.
           Na primeira geração de EaD, o docente, de acordo com o estudo de Trenk (2014), não passou de um completo estranho do outro lado do processo de ensino aprendizagem. Separados por estações de trem, ou postos de correios, docente e aluno jamais se encontraram. A influência entre ambos não passou da troca de informação em material impresso. Esses sujeitos estranhos empenhavam-se, na análise de Trenk, em formar e oferecer mão de obra capacitada ao mercado de trabalho em expansão.
          Na segunda geração de EaD, a relação entre docente e aluno não foi muito diferente a princípio. Depois, houve uma mudança nesse processo, tornando possível saber quem era o docente, embora este pouco soubesse sobre o aluno, vendo sua figura na tela da TV, ouvindo sua voz no rádio, e mesmo através de rápidas conversas pelo telefone. O computador, ao ser adicionado ao processo educativo em EaD, possibilitou o surgimento de um novo modelo de docente e de aluno: o docente e o aluno virtuais, cuja interação dá-se através da internet.
            Neste período ocorre um fator importante: a criação das Universidades Abertas em várias partes do mundo (TRENK, 2014, p. 01; OLIVEIRA, 2012, p. 64). A partir deste momento, o docente EaD estará ligado diretamente a uma instituição de ensino superior conhecida e se, na geração anterior, essa instituição era um tanto obscura (sindicatos, associações, empresas...), nesta geração aparece bem definida, dando maior credibilidade e maior formalidade à educação a distância.
            Durante a terceira geração de EaD, fala-se do docente caracteristicamente midiático e virtual. Sua ação educativa dá-se quase totalmente no ambiente virtual. Ampliam-se as ferramentas de produção de material online e plataformas de atividades educativas, por meio das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e via internet 2.0. Necessariamente, muda-se a formação do docente EaD e suas práticas e métodos precisam responder a novas exigências educativas e de mercado (TRENK, 2014).
Na quarta geração da EaD, o docente torna-se um sujeito definitivamente online, a não ser pelo tutor presencial que desenvolve parte de suas atividades fora das plataformas virtuais. Exemplo desse docente é descrito por Oliveira em pesquisa de 2009:
uma pessoa está na Avenida Afonso Pena, Belo Horizonte, Minas Gerais, às seis horas da tarde, dentro de um ônibus, voltando do trabalho para casa, depois de já ter ministrado sua carga horária de aulas numa instituição presencial. Ao mesmo tempo, está checando seus e-mails por celular, atendendo alunos online (OLIVEIRA, 2009, p. 65).
          O docente descrito por Oliveira em seu trabalho não apenas é um docente online, mas confronta-se com a definição do espaço/tempo de trabalho. O lugar do docente não é apenas a posição como docente que ocupa, mas ainda o lugar de onde atua.
A figura docente da quarta geração de EaD estende-se para a quinta geração, conforme se pode falar de quinta geração, tal qual afirmam Santos (2009) e Oliveira (2014). É neste ponto que serão abordados outros indícios fundamentais da prática docente em EaD na era da cibercultura, sobretudo sua atuação os ambiente virtuais.
Na era da cibercultura, Trenk afirma que
a EAD exige do quadro docente uma nova postura. O ciberespaço, reconhecidamente um espaço social comunicativo e de produção compartilhada, leva à reflexão de que o saber não é mais um produto a ser difundido, mas o resultado de um trabalho de construção, a partir de práticas educativas que têm a comunicação midiatizada a serviço da formação do aluno (TRENK, 2014, pp. 70/71).
O desenvolvimento da cibercultura e do ciberespaço impôs ao docente EaD uma nova dinâmica. Seu trabalho já não se restringe a abrir espaços de discussão online, dar feedback, incentivar atividades e outra tarefas do gênero. Algo de novo deve ser ofertado ao processo ensino/aprendizagem por parte do docente. Trenk resume as novas funções do docente EaD em dois pontos importantes. O primeiro é que “o professor pode ser o autor do material, organizando e elaborando os conteúdos” (TRENK, 2014, p. 71). Por meio dessa função, as habilidades do docente EaD devem voltar-se para:
a seleção dos conceitos de cada aula, que devem ser poucos; a organização do material em relação ao tempo do aluno para realizar as atividades; a edição das mensagens quanto às fontes, tamanhos, cores e fundos; o uso de recursos visuais, sons e animações, entre outros detalhes (TRENK, 2014, p. 71).
          O docente é, aqui, um autor. Essa nova função dá ao docente EaD nova posição como educador: ele não será apenas um repetidor das ideias de outrens, podendo ele mesmo produzir parte do conhecimento do curso em que vai atuar e ofertá-lo em material específico.
            O segundo ponto definido por Trenk é que o professor pode tornar-se um tutor. “Nessa função, organiza a classe virtual, estipulando os prazos, os objetivos do curso, dividindo grupos e acompanhando o aprendizado dos estudantes” (TRENK, 2014, p. 71). Desse modo, o docente tutor exerce um papel administrativo e organizacional (TRENK, 2014; MILL, 2012b). Conclui-se que a função do docente virtual é mais a função de tutor do que de autor.
         Mill (2012b) denomina a docência virtual de polidocência, por estar fecundada de novos saberes ou competências do docente, sendo: domínio de tecnologias digitais; capacidade de trabalhar em equipe; gestão do tempo/espaço de trabalho; reconstrução dos métodos de ensino/aprendizagem; compreensão dos novos modelos de “sala de aula” e de “aula”.
           Para desenvolver suas atividades, o docente EaD precisa obter formação adequada. No entanto, as dificuldades apresentam-se já no início do trabalho. Segundo Mill (2012b), a formação inicial é insuficiente, e o docente precisa contar com a experiência pessoal: “o perfil deste professor é o resultado de suas experiências adquiridas ao longo de sua trajetória, nas relações do sujeito com o mundo, na reformulação das suas percepções e vivências” (MILL, 2012b, p. 12), destaca. Só após ingressar na educação a distância, a maioria dos docentes recebe alguma capacitação. De tal modo, a formação docente em EaD deve ser contínua e produzir uma reflexão crítica sobre a própria prática.
          Em sua formação, o docente EaD reconhece-se como protagonista de sua trajetória educacional, transformando-se e contribuindo para a transformação de outros. Ponto fundamental dessa formação é o contato com o estudante. Esse contato, entretanto, nem sempre será de maneira física, dando-se mais via tecnologias da informação e comunicação (TICs), o que gera certo distanciamento. O docente EaD virtual precisa desenvolver habilidades específicas destinadas a amenizar as consequências negativas desse “contato” virtual. Deve atentar-se à estruturação e aplicação do curso e da disciplina nos quais atua a fim de interagir melhor no processo ensino/aprendizagem.
           Conforme Mill, “as redes interativas da EaD ou as relações estabelecidas entre o docente virtual e o educando são intensa e tecnologicamente mediadas, assim como também normalmente o é a relação entre o estudante e o saber” (MILL, 2012b, p. 42). Isso dá-se porque a EaD, na era da cibercultura, está organizada através de espaços virtuais (ciberespaços) e por meio de dispositivos de comunicação bidirecionais, ou multidirecionais, e unidirecionais. Para Mill (2012b), a EaD em sua configuração virtual tem sido preferida a outras formas de organização, especialmente pela sua dinâmica e estruturação didática.
             Devido à novidade que ainda é a EaD e aos muitos fatores que a envolvem, tal prática docente enfrenta inúmeras dificuldades. Estudos realizados, como o de Oliveira (2009), retratam uma realidade desafiadora, com fatores negativos, como a carga horária exorbitante, relações difíceis com a família, falta de suporte financeiro, uso de material próprio, diversificação dos tempos e espaços de trabalho, falta de infraestrutura, além de arcar com todas as despesas oriundas das doenças geradas pela profissão entre outros.
              O próprio termo docente em EaD apresenta dificuldades, impedindo uma compreensão mais clara e definida. Muitos confundem os docentes em EaD, acreditando que todos são tutores. Para Mill (2012b), a figura do tutor é uma figura auxiliar do docente que propõe ou produz a disciplina surgindo como desdobramento das novas modalidades de EaD. No entanto, segundo Mill, embora nem todos os docentes sejam tutores, é preciso entender que o tutor também é docente em EaD. Para o autor,
em relação à sua terminologia, a tutoria apresenta a primeira dificuldade. A concepção de tutor[4] recebe como sinônimos termos do tipo: educador online, mentor, orientador virtual, monitor pedagógico, e-formadores, formadores virtuais, etc.. Com a denominação de tutoria, tem ainda outras variações: tutor presencial, tutor virtual, tutor eletrônico, tutor a distância etc.. Entretanto, apesar destas variações nos nomes, todos são compreendidos no que geralmente conhecemos como tutores para EaD (MILL, 2012b, p. 38).
               Pode-se, de alguma forma, estabelecer uma definição básica e compreensível: existem, em EaD, docente tutor, docente conteúdista ou autor (que elabora material) e docente formador, que oferta a disciplina (podendo ainda ser o mesmo que elabora o material).
            Outro fator desafiante em EaD é o teletrabalho. No teletrabalho, a maioria das instituições não possui contrato que respalde os direitos do docente e de outros trabalhadores,. Isso decorre da falta de uma legislação específica na maioria dos países detentores de programas educativos em EaD, entre eles o Brasil.
            Outra dificuldade encontrada pelo docente, já referida neste trabalho, é a falta de formação inicial para ingresso na educação EaD, pois não existem cursos pré-estabelecidos de capacitação na área para os docentes que pretendem atuar em EaD.
            Afora todos esses desafios, entre outros aqui não relatados, estudos, como o de Oliveira (2009) e Mill (2012b), apontam para uma ampla satisfação por parte do docente EaD em exercer suas funções, aquilo que Oliveira (2009) chama “passividade consentida”. Para a autora, essa passividade é possível, sobretudo, pela atuação do teletrabalho em intensificar as ações do docente de maneira a não deixar que este perceba o controle exercido sobre suas funções. É comum o docente afirmar que não se sente pressionado em sua atuação e que não há muita interferência em suas atividades, apesar de que, na EaD,
o software para atendimento online tem ferramentas que indicam quantas horas aquele tutor específico ficou presente no sistema, há quantos dias, há quantas horas, etc., ele está no Ambiente de Aprendizagem do curso e todas as suas participações em chats, fóruns e salas, desde seu primeiro acesso (OLIVEIRA, 2009, p. 74).
               Pode-se concluir que a cibercultura e o ciberespaço têm interferido sobremaneira na prática do docente em EaD. Existe, portanto, uma relação direta entre o docente EaD e a cibercultura, da qual aquele não pode prescindir sem que afete profundamente sua prática docente. Essa relação tem consequências positivas e negativas.
           Positivamente, amplia as possibilidades de ação do docente na EaD através dos muitos espaços construídos nas mídias por meio das tecnologias de informação e comunicação (TICs), dos tempos sincrônico e assincrônico, dos dispositivos de comunicação multidirecional, e unidirecional... Negativamente, impõe limites aos quais o docente vê-se submetido sem opção de escapar, a não ser abandonando sua função. Tais limites podem ser exemplificados pelo software para atendimento online, que age como um programa espião, cronometrando as vezes, a frequência e o tempo de acesso do docente à plataforma de educação virtual, limitando, assim, sua liberdade de atuação.
              Não será mais possível uma EaD sem ligação e dependência à cibercultura e ao ciberespaço. Porque a cibercultura engloba toda uma produção cultural, incluindo técnicas materiais e intelectuais ligadas às TICs e à produção científica referente a dispositivos midiáticos. E o ciberespaço é resultante dessa produção cultural, compondo-se como o novo meio de comunicação resultante da interconexão mundial dos computadores (LÉVY, 1999), no qual são configurados todos os programas para desenvolvimento da EaD online e da docência virtual.
Considerações finais
               A EaD nos tempos da cibercultura deve ser vista com um olhar positivo. Seus benefícios para a educação moderna são maiores do que seus possíveis malefícios.
Se a EaD nasceu de um contexto no qual a necessidade de mão de obra instruída imperava, seu avanço para um novo contexto exemplifica sua importância: veio para ficar e sua expansão é incontestável, sobretudo através dos suportes tecnológicos e digitais.
         A EaD na era da cibercultura configura-se como fruto direto desta, nascida de uma cumplicidade entre o processo humano de educar, desenvolver dispositivos tecnológicos de informação e comunicação e aplicá-los à educação.
Neste trabalho constatou-se uma relação direta entre a prática docente em EaD e a cibercultura, da qual a EaD não pode se desfazer. Os saberes docentes em EaD relacionam-se intimamente com o uso de tecnologias na educação. Isso implica uma necessidade do docente repensar suas práticas educativas, seus métodos e reinventar suas ações como docente EaD. A forma mais eficaz de realizar essa demanda é atuando como sujeito do processo ensino/aprendizagem ao qual vincula-se, buscando sua realização pessoal como profissional da educação e contribuindo para a realização de outras pessoas.
As dificuldade enfrentadas pelo docente  EaD são resultantes de questões que ainda precisam ser discutidas e respondidas, como a carga horária,  a normatização do teletrabalho, a remuneração pecuniária e a própria definição dos espaços de trabalho, do tempo e da figura do docente.
As conclusões resultantes da realização deste trabalho possibilitaram uma visão mais profunda da docência em EaD, dos seus desafios, da sua importância, da influência da cibercultura na ação do docente EaD e da amplitude da EaD nos tempos da cibercultura. Os autores esperam, com esse trabalho, poder ter contribuído com a discussão em torno da docência na EaD na era da cibercultura e sua importância para a educação.
Referências

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
MILL, D.; BIANCHI, P. C. F. Programa de Formação Continuada da Unimontes. Módulo V. Gestão da Educação a Distância. Montes Claros: Unimontes, 2012.
MILL, D.; SILVA, A. R. da; TORRES, M. A. G. Programa de Formação Continuada da Unimontes. Módulo III. Docência na Educação a Distância. Montes Claros: Unimontes, 2012.
OLIVEIRA, R. M. da S. R. Avaliação online: fundamentos históricos, filosóficos e políticos da EaD. Disponível em: <http://ava.ifnmg.edu.br/mod/quiz/review.php?/attempt=31775>. Acesso em 06 fev. 2015.
OLIVEIRA, R. M. da S. R. Programa de Formação Continuada da Unimontes. Parte II: Fundamentos históricos, filosóficos e políticos da EaD. Montes Claros: Unimontes, 2012.
OLIVEIRA, R. M. da S. R. Subjetivação e docência virtual. IN Revista Extra-Classe, N2-V2, jul./dez. 2009, pp. 58-79.
PESCE, Lucila. EAD: antes e depois da cibercultura. IN Salto para o Futuro. Cibercultura: o que muda na educação. Ano XXI Boletim 03 - Abril 2011, p. 10-15.
SANTOS, Edméa. Cibercultura: o que muda na Educação. IN Salto para o Futuro. Cibercultura: o que muda na educação. Ano XXI Boletim 03 - Abril 2011, p. 05-09.
SANTOS, Edméa. Cibercultura: o que muda na Educação. IN TV ESCOLA. EAD: antes e depois da cibercultura. Programa Salto para o futuro, 25.04.2011. Entrevista. Disponível em vídeo em https://www.youtube.com/watch?v=AoR8Bfo4pG4 Aceso em 12 de set. de 2014.
SANTOS, Edméa. Educação online para além da ead: um fenômeno da cibercultura. IN Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2009, pp. 5658/5671.
SILVA, Edna Lúcia da, MENEZES Estera Muszkat. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 4. ed. rev. atual.Florianópolis: UFSC, 2005.
TRENK, W. A. A prática docente em EAD no contexto da cibercultura. IN Convenit Internacional 14 jan-abr 2014 Cemoroc-Feusp/Ppgcr-Umesp/IJI - Univ. do Porto.
TV ESCOLA. EAD: antes e depois da cibercultura. Programa Salto para o futuro, 25.04.2011. Disponível em vídeo em https://www.youtube.com/watch?v=AoR8Bfo4pG4 Aceso em 12 de set. de 2014.
Abstract: The DE is not a unique education model of contemporaneity, it began in the second half of the nineteenth century and has spread throughout modern history through five generations. In this process, the teacher figure in distance education has undergone several settings to the most common formulation today: the virtual teaching, which develops its practices directly in cyberspace. This work aims to analyze and discuss the relationship between the practice of teaching in distance education and cyberculture and the influence of this professional life that, based on the question: what is the impact of cyber culture in the teaching practice in distance education in the contemporary context? Justified by the discovery of a deepening discourse around the teaching in distance education and its close relationship with the cyberculture. The completion of the work was given by choosing, reading and existing literature analysis in the area, and a literature review, becoming a literature search.
Keywords: distance learning, distance education Lecturer, Cyberculture, Cyberspace, New Information Technologies.





[1] Habilitado em História pela UNIMONTES. Especialista em História Cultural, Políticas Públicas Sociais pela SOEBRAS/Promove. Tutor presencial do Curso Técnico em Multimeios Didáticos do IFNMG no Polo Avançado de Coração de Jesus. Diretor de Centro Municipal de Educação Infantil de Coração de Jesus.
[2] Habilitada em Pedagogia pela UNIMONTES. Especialista em Educação Básica na Rede Pública na E.E. Levi Durães Peres em Montes Claros.
[3] Professora do Centro de Referência em Educação a Distância – CEAD, do IFNMG.
[4] Grifos do autor.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Projeto TCC Pós EAD

PROJETO TCC PÓS EAD IFNMG


Instituto Federal do Norte de Minas Gerais

O Docente em EaD na era da Cibercultura

Gilberto Aparecido Soares Medeiros
Hilda Marta Guimarães Antunes


SUMÁRIO
1.
Introdução---------------------------------------------------------------------------------------
03
2.
Tema --------------------------------------------------------------------------------------------
03
3.
Questão norteadora/problema ---------------------------------------------------------------
04
4.
Objetivos----------------------------------------------------------------------------------------
04

            Objetivo geral--------------------------------------------------------------------------
04

            Objetivos específicos-----------------------------------------------------------------
04
5.
Justificativa-------------------------------------------------------------------------------------
04
6.
Referencial teórico-----------------------------------------------------------------------------
04
7.
Metodologia------------------------------------------------------------------------------------
07
8.
Cronograma-------------------------------------------------------------------------------------
07
9.
Referências-------------------------------------------------------------------------------------
07

1. INTRODUÇÃO
A Educação a Distância não é uma prerrogativa da contemporaneidade. Seu surgimento enquadra-se no contexto da segunda metade do século XIX, chegando ao Brasil ainda na primeira metade do século XX. Seus métodos, objetivos e materiais variaram conforme o contexto histórico, o lugar e os interesses políticos. De modo geral, a EAD passou do método a distância via correspondência impressa para o uso do rádio, da televisão e, de modo definitivo, da internet.
A figura do docente em EaD também variou conforme a própria EaD. Se antes era um estranho, sem rosto, que remetia cartas e material, lia as respostas e emitia certificados, passou para uma figura midiática através do uso das ondas do rádio e da imagem da televisão. Atualmente, o docente em EaD acampa uma nova figura, seja qual for o método ou meio de comunicação usado para transmitir, produzir e receber conhecimento.
Pode-se dizer que o docente EaD na contemporaneidade é um ser profundamente midiático, num sentido novo, visto que a maior parte da EaD dá-se via meios de comunicação, redes sociais, mídias diversas, várias tecnologias e plataformas específicas. Porém, não deixa de ser especificamente humano e interativo.
A interação entre docente EaD e a Cibercultura tem produzido novas formas de comportamento por parte desse docente, sobretudo devido a uma determinante influência desta sobre aquele, devido à dependência cada vez maior desse docente dos novos meios de e novas tecnologias de comunicação. Por outro lado, essa relação não é de todo negativa, pois possibilita ao docente EaD reinventar seus métodos educativos, assim como dá-lhe a oportunidade de aprender novas maneiras de educar e usar as ferramentas tecnológicas disponíveis.
A proposta deste trabalho parte desse pressuposto para sua elaboração, e se configura conforme tema e objetivos a seguir.

2. TEMA
O Docentes em EaD na era da Cibercultura.

3. QUESTÃO NORTEADORA/PROBLEMA
Qual o impacto da cibercultura na prática docente em EaD no contexto contemporâneo?

4. OBJETIVOS
            OBJETIVO GERAL
O presente trabalho tem o objetivo de analisar e discutir a relação existente entre a prática do docente em EaD e a Cibercultura e a influência desta na vida profissional desse educador na atualidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar aspectos históricos da EaD e da Cibercultura;
Identificar a relação existente entre a prática docente em EaD e a Cibercultra;
Analisar o impacto da Cibercultura na ação educativa do docente em EaD na contemporaneidade.

5. JUSTIFICATIVA
Este trabalho justifica-se pela constatação de um discurso cada vez mais profundo em torno do docente em EaD e de sua relação íntima com a cibercultura, especialmente no que diz respeito à sua atuação como educador usando as novas tecnologias e os diferentes ambientes virtuais de aprendizagem, bem como as diversas redes sociais e meios de comunicação disponíveis. Parte da questão: qual o impacto da cibercultura na prática docente em EaD no contexto contemporâneo?, visando contribuir para ampliar o debate sobre o assunto e entender a ação docente em EaD na atualidade.

6. REFERENCIAL TEÓRICO
Ao longo dos anos, o termo educação a distância tem sido utilizado por diferentes terminologias: “ensino aberto, ensino a distância, formação a distância, entre outras” (OLIVEIRA, 2012, p. 07). Atualmente são mais comuns as terminologias Educação Aberta e Educação a Distância. Esta última terminologia tendencia a predominar, representada, na maioria dos usos, simplesmente pela sigla EaD.
Para Oliveira, a EaD “deve ser compreendida como uma prática educativa situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educação, de se democratizar o conhecimento” (OLIVEIRA, 2012, p. 07). Nessa forma de fazer educação, “a educação clássica foi reconfigurada por uma nova possibilidade, a flexibilidade de tempos e espaços para ensinar e aprender” (OLIVEIRA, 2012, p. 09).
Embora pareça ter surgido muito recentemente, devido à sua expansão nas últimas décadas, a EaD possui uma história longa, identificada no processo da história moderna desde a segunda metade do século XIX, na Europa. Vários autores dividem a história da EaD em pelo menos quatro gerações e Oliveira (2014) aponta a possibilidade de se falar numa quinta geração, como apresentado a seguir.
A Primeira geração de EaD surge no fim da segunda metade do século XIX e se estende até início da segunda metade do século XX. Conforme Oliveira (2014) e Trenk (2014), nesse período prevaleceu o ensino por correspondência. Foram utilizados os meios de transporte como trens e de comunicação, como os correios, para difundir a formação educativa dos alunos ligados a uma instituição educativa.
A segunda geração, conhecida como “geração analógica”, ocorreu entre os anos 1960 e 1980. Teve início com o surgimento das Universidades Abertas de ensino a distância em vários países da Europa, Ásia e África, cujo modelo seguido era o da Open University britânica, fundada em 1969 (TRENK, 2014).
A terceira geração de EaD surge a partir da década de 1990, baseada no uso do computador e da internet, desenvolvendo a comunicação síncrona e assíncrona (chats, fóruns, listas de discussão...). Neste período, conforme Oliveira (2014), há uma viabilização de novo tipo de interação social que supera a “distância social”, a “distância geográfica” e o “tempo” entre docentes e discentes.
A quarta geração da EaD é marcada pelo uso de aparelhos móveis, munidos de tecnologias inovadoras mais avançadas do que as encontradas  nos próprios computadores. Entre esses aparelhos destacam-se o celular, o smartphone e o tablete, considerados tecnologias da comunicação e informação acessíveis a um grande número de usuários,
capaz de viabilizar a troca de informações e de produção do conhecimento em tempo instantâneo possibilitando estabelecer e manter a interação dos participantes de uma comunidade de aprendizagem com maior qualidade e rapidez (OLIVEIRA, 2014, p. 07).
Segundo Oliveira (2014), já se pode falar em quinta geração da EaD, demarcada pelo uso da banda larga e democratização da internet. Neste sentido, a EaD caracteriza-se pelo uso variado de plataformas online, como o Moodle e o AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), além de outras redes de comunicação, como as redes sociais.
Os novos procedimentos em EaD estão diretamente inseridos em um novo fenômeno denominado Cibercultura, ligado diretamente com o avanço da tecnologia, da internet, dos novos meios de comunicação e das redes sociais.
Pierre Lévy define a cibercultura como o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 1999, p. 17). Por ciberespaço o autor compreende o “novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores” (LÉVY, 1999, p. 17).
Numa abordagem sobre o trabalho docente em EaD na era da cibercultura, a pergunta mais instigante é: como fica o docente em EaD na era da cibercultura? Uma resposta resumida e precisa é apresentada por Oliveira: “as velozes mudanças tecnológicas impõem outro ritmo à tarefa de ensinar e aprender” (OLIVEIRA, 2014, p. 09). Ou seja, o docente em EaD na era da cibercultura precisa reinventar seus métodos de ensino-aprendizagem, adotando, especialmente, as novas tecnologias no desempenho de suas atividades.
Em que se difere o docente em EaD do docente em educação presencial? Sinteticamente, diferencia-se, sobretudo, no domínio do mundo tecnológico que se lhe impõem na execução do seu ofício. Pode-se apontar ainda a diferenciação de seus métodos pedagógicos e a ampliação dos saberes. Nos outros aspectos, são iguais.
Mill aponta para a verdade de que esse docente é, antes de tudo, um ser humano, um sujeito, construtor de sua própria história e, consequentemente, desenvolve pontos de vista próprios sobre si mesmo, sobre os outros e sobre sua profissão. Assim sendo, é sujeito do próprio processo de ensino-aprendizagem com o qual está envolvido. É sujeito do ensino-aprendizagem em EaD tal como o estudante ou os gestores da EaD. É, ainda, gestor, na concepção de Mill (2012b, p. 14).
Esse sujeito de processo educativo, conforme Mill (2012ba) é complexo, com saberes próprios, adquiridos através da experiência e por meio de estudos. Mais ainda, como qualquer outra pessoa, tem preconceitos, ou possui conceitos pré-estabelecidos sobre muitas coisas, inclusive sobre a própria educação, e sobre a educação a distância. Pode ainda ser um docente que tomou a educação a distância, num primeiro momento, como processo educativo ineficiente ou de pouca importância, vindo depois integrá-lo como realização pessoal, o que pode não ser raro acontecer.

7. METODOLOGIA
            A realização do trabalho dar-se-á por meio da escolha, leitura e análise de literatura já existente na área, sendo, portanto, uma revisão literária, constituindo-se de uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Silva (2005), é aquela “elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet” (SILVA, 2005, p. 21). Após a análise, será elaborado um texto final que será apresentado à banca Examinadora do Curso de Pós-graduação Latu-Sensu em EAD do IFNMG para análise e aprovação.

8. CRONOGRAMA
ATIVIDADES/MÊS
MAI
JUN
JUL
AGOS
01
Pesquisa literária
     X



02
Revisão da literatura
     X



03
Elaboração do Projeto Versão I

     X


04
Elaboração do Projeto Final

     X


05
Elaboração da Primeira Versão do Artigo

     X
   X

06
Elaboração da Versão Final do Artigo


    X

07
Preparação do Pôster do Artigo


     X
     X
08
Apresentação do Artigo/Pôster em Seminário



     X

9. REFERÊNCIAS
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
MILL, D.; BIANCHI, P. C. F. Programa de Formação Continuada da Unimontes. Módulo V. Gestão da Educação a Distância. Montes Claros: Unimontes, 2012.
MILL, D.; SILVA, A. R. da; TORRES, M. A. G. Programa de Formação Continuada da Unimontes. Módulo III. Docência na Educação a Distância. Montes Claros: Unimontes, 2012.
OLIVEIRA, R. M. da S. R. Avaliação online: fundamentos históricos, filosóficos e políticos da EaD. Disponível em: <http://ava.ifnmg.edu.br/mod/quiz/review.php?/attempt=31775>. Acesso em 06 fev. 2015.
OLIVEIRA, R. M. da S. R. Programa de Formação Continuada da Unimontes. Parte II: Fundamentos históricos, filosóficos e políticos da EaD. Montes Claros: Unimontes, 2012.
PESCE, Lucila. EAD: antes e depois da cibercultura. Salto para o Futuro. Cibercultura: o que muda na educação. Ano XXI Boletim 03 - Abril 2011, p. 10-15.
SANTOS, Edméa. Cibercultura: o que muda na Educação. Salto para o Futuro. Cibercultura: o que muda na educação. Ano XXI Boletim 03 - Abril 2011, p. 05-09.
SANTOS, Edméa. Educação online para além da EAD: um fenômeno da cibercultura. Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2009.
SILVA, Edna Lúcia da, MENEZES Estera Muszkat. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 4. ed. rev. atual.Florianópolis: UFSC, 2005.

TRENK, W. A. A prática docente em EAD no contexto da cibercultura. Convenit Internacional 14 jan-abr 2014 Cemoroc-Feusp/Ppgcr-Umesp/IJI - Univ. do Porto.

A cor da minha pele no tom da sua voz: vozes plurais das escritoras negras de Minas

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