sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Mapas Mentais

Cartografia Cognitiva: o que se tornou mais relevante

À primeira vista, parece coisa de grandes planejadores ou invenção de artista moderno. Mas a figura abaixo, que eu mesmo criei, faz parte de um mundo carregado de conceitos e significados. Não é à toa que o nome dado a esse tipo de trabalho é “Cartografia Cognitiva” ou Mapa Conceitual, como é mais conhecido.
A produção desse tipo de instrumento de trabalho não é recente, embora os esquemas mais antigos fossem feitos à mão numa folha comum de caderno, ou papel para mapas.
 Algumas das razões básicas para a produção de Mapas Conceituais estão na facilidade destes de apresentarem uma grande quantidade de conteúdos num espaço pequeno, o que exige do autor grande capacidade de interpretação e de resumir conteúdos; a elaboração de esquemas interpretativos para a apresentação de trabalhos acadêmicos; a capacidade de algumas pessoas de dominarem com facilidade vastos conteúdos e resumi-los precisamente, dispensando a escrita longa em favor de esquemas básicos que facilitem o estudo, entre muitos outros.
Eu tive um colega no curso de filosofia que, enquanto o restante da turma nos matávamos de prestar atenção e escrever até criar calos nos dedos, ele ficava de fones de ouvido, fazendo caretas e desenhando coqueiros, aroeiras, pinheiros..., todos com folhas, flores, ramos, tronco... de palavras e conceitos importantes do conteúdo ministrado pelo professor. No final das contas, tirava sempre 10 nas provas e nós outros, um 08, um 07 e mesmo um 06..., alguns um mísero 05 e outros, até um deplorável 04.

Foi o primeiro contato que tive com mapas conceituais, tudo feito à mal. Hoje existem sites especializados na elaboração desses instrumentos, embora o objetivo seja o mesmo.
Agora pense na figurinha bacana aí do lado. Embora tudo esteja em inglês e nem todos poderão entender o que diz, o dragão querendo devorar a ovelhinha é bem expressivo.

Numa escola no Brasil, isso bem que daria o que falar. Mas num pais mais democrático e menos tradicionalista, comunica a condição infalível de alguém expressar de maneira concisa e desenvolvida seu entendimento de determinado assunto. E ainda pode se divertir.

Um dos maiores desafios da atualidade é encontrar formas de compreender a avalanche de informações provenientes das rápidas mudanças nos sistemas informacionais e ofertadas pelas mídias informativas. Num contexto em que a Hipermídia adquire importância cada vez maior, lidar com as informações e os conhecimentos advindos da interligação de computadores e tecnologias digitais diversas, entrelaçadas pela internet, é um desafio enfrentado por muitos, mas superado por poucos.
Construir Mapas Conceituais tornou-se uma saída eficaz, especialmente para programadores, educadores, gestores, conferencistas e pessoas que lidam com funções do gênero.

Além dos Mapas Conceituais, como o da figura acima, outros elementos podem ser usados no resumo de conteúdos muito extensos, como as tabelas, os sumários, os índices... Temos também variantes dos Mapas Conceituais referidos basicamente pelo uso, ou não, de tecnologia ou pelo conceito que expressa: Mapa Mental, Mapa Argumentativo, Mapa Dialógico e Mapa da Web, este último produzido por sites e programas próprios. A criação e o uso desses elementos, de maneira especial dos Mapas Conceituais, recebe, hoje, a denominação de Cartografia Cognitiva.

Cartografia, como sabemos, pode ser uma coleção de mapas ou o estudo de mapas, mais precisamente esse último conceito. Se cognitivo, então é esquema de conhecimento, ou seja, um mapa onde se pode condensar as partes mais importantes de determinado conhecimento, a exemplo dos mapas geográficos, que traçam as linhas de deslocamento priorizando os pontos mais importantes, como portos, pousadas, cidades, hotéis etc.

Como exemplo, o Mapa de Charles Joseph Minard, desenhado em 1869, para descrever a tentativa do exército napoleônico de invadir e conquistar a Rússia. A genialidade desta obra está em apresentar, num espaço pequeno, o tamanho do exército, sua trajetória, sua localização, sua retirada, e mais: a temperatura em várias datas. A criatividade e a dinâmica desse mapa permitem compreender as causas da derrota do exército napoleônico. Um grande feito histórico, representado num pequeno pedaço de papel.

Hoje os Mapas Mentais são mapas de Minard. Precisam representar grandes elementos informacionais em pequenos esquemas desenhados (não mais à mão, embora este método ainda não esteja descartado completamente) em sites especializados, com programas próprios, como os indicados abaixo. A Cartografia Cognitiva, portanto, lida com o que é mais importante na elaboração do conhecimento.

Software de Cartografia para construção de mapas:

Cmap Tools, Nestor Web Cartographer, Compendium, Freemind, CHIC, FreeMind, VUE, Sciplore, Xmind.
Podem estar disponíveis para download.

Software online e sites:

Bubbl.us – http://bubbl.us/
LucidChart – http://lucidchart.com/

SpicyNodes – http://spicynodes.com/

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A tecnologia mudando a história

Tecnologia, Hiroshima e Nagasaki

Não há um só dia em que não ouvimos falar dos avanços tecnológicos imprimidos pela ciência à história. O nível de elogios a esse avanço tomou tamanha expressividade que parece não haver nenhum malefício advindo dele. Nota-se, cada vez mais, a presença constante de uma ideia segundo a qual todos os males da humanidade parecem superados. As mídias sociais conformam-se com essa ideia a ponto de dar-lhe vasão imensurável. Mas sabemos que, assim como em tantos outros temas, esse é mais um disfarce que possibilita esconder os sofrimentos causados por esses avanços e, sobretudo, eximir a humanidade de alguns dos seus mais notórios erros.

De modo algum, quero, aqui, desmerecer essa parte fundante da criatividade humana e seus benefícios para o homem. Quero, apenas, lembrar que muita coisa ruim proveio do desenvolvimento tecnológico, especialmente nos termos capitalista, e ainda estão por vir.

No dia seis de agosto completaram-se 70 anos da explosão nuclear que arrasou Hiroshima e no dia nove, três dias, portanto, após esta, a que arrasou Nagasaki. A maioria dos jornais trouxe apenas uma pequena nota sobre esses acontecimentos nesta data “comemorativa”; alguns, dados mais relevantes; muitos, nada. A maioria de outras mídias, nem sequer uma lembrança. É como se 70 anos fossem como um milênio ou o tempo necessário para a memória se curar, ou simplesmente esquecer.

Embora aquelas explosões tenham ocorrido no Japão, sua responsabilidade é de toda a humanidade. Mesmo sendo parte de um projeto insano, como a Segunda Guerra Mundial, reflete os desdobramentos dos avanços tecnológicos pelos quais a humanidade tanto ansiou. Em outra época o homem poderia ter pensado tamanha destruição? Ela seria possível sem a os resultados de pesquisas científicas e tecnológicas possíveis apenas em nossa era?

Embora a maioria dos grandes males ocorridos, sobretudo nas guerras, tenha sido fruto de avanços tecnológicos, cada qual em seu tempo e de uma forma diferente, e impulsionados por decisões políticas advindas de interesses escusos, tais como as grandes empresas do Império Romano, os carros de guerra da Mesopotâmia e do Egito, os barcos de guerra da Grécia antiga, as torres de cerco e os aríetes medievais, entre outros, somente no século XX se chegou a uma arma suficientemente perigosa para a completa destruição da humanidade. Os dedos da morte lançados por aquelas duas bombas foram tão longos e poderosos que a própria morte encolheu sua mão de susto, e hoje reflete sobre a fatalidade de tal invectiva.

Poder ou não poder soltar uma nova bomba, eis a questão. É certo que muitos pensariam uma incursão como esta para pôr fim a situações antipáticas como o avanço do chamado Estado Islâmico sobre áreas do mundo oriental, ameaçando mesmo o Ocidente. Seria uma maneira fácil de lidar com a situação e resolvê-la rapidamente. Mas então? Soltar uma nova bomba ou contentar-se com mísseisnucleares teleguiados, que não causam mal menor, mesmo que cada um não tenha o mesmo poder de uma bomba nuclear, mas muitos causem o mesmo efeito?

Hiroshima e Nagasaki são, talvez, os dois exemplos mais claros dos malefícios provenientes do avanço desenfreado e sem ética da tecnologia. Porém, não se pode esquecer outros exemplos como os das guerras com uso de elementos químicos, as atuais guerras de mísseis nucleares e morteiros e os funestos experimentos científicos ocorridos nos campos de concentração da Segunda Guerra, ou ainda as experiências farmacêuticas em povos desprotegidos da África por grandes empresas de medicamentos, e mesmo ainda o memorável 11 de Setembro.

 Podemos ainda falar da “guerra” no uso de aparelhos digitais ultramodernos, aqueles que começam a deixar as pessoas encurvadas pelo mau uso, ou as emudecem no dia-a-dia, senão quando estão “dialogando” na frente da “telinha” (não da TV, como queira a metáfora, pois diante desta, a mudez ainda é maior, mas da telinha, no sentido de pequena mesmo). Convido vocês a assistirem ao vídeo a o lado, mesmo que muitos já o tenham visto em alguma mídia social.

 Quando vejo centenas de jovens, também adultos e mesmo crianças, desperdiçarem seu precioso tempo iludidos com alguns aplicativos sociais do momento, percebo como tais aplicativos são desenvolvidos para segar as pessoas, embotar sua inteligência reflexiva e esconder a realidade de dominação na qual ainda vivemos. Não podemos demonizar esses filhos legítimos da tecnologia, mas também não devemos endeusá-los. A divindade atribuída a seres puramente terrenos frequentemente resulta em erro, caso daquele bezerro de ouro criado pelos hebreus ao saírem do Egito: um símbolo da total escravidão para quem já estava liberto, mas não sabia o que fazer com sua liberdade.

Imagino que essa metáfora exemplifica bem o caso do mau uso da tecnologia feito, especialmente, pelos poderosos, mas ainda por todos, visto que entre os hebreus, a maioria era muito pobre.
O objetivo deste texto não é apontar o avanço tecnológico como erro humano, mas dar um alerta para o fato de que dele podem resultar grandes malefícios e fazer um pouco de justiça à memória de Hiroshima e Nagasaki, 70 anos depois de sua quase total destruição.

Seria hipocrisia de minha parte, sendo um apaixonado por tecnologia, repudiar a importância desta em nossas vidas, quer no passado, quer no presente, e ainda mais no futuro, quando tudo aponta para uma maior dependência da mesma. Sem tecnologia, este texto não estaria neste blog, dedicado à História e à Hipermídia, essa nova “mania” na produção de conhecimento no mundo das mídias, outro lugar com o qual devemos tomar certo cuidado.

Por fim, devemos aprender com os erros para evitarmos novos e maiores erros. Não podemos evitar o mal resultante dos experimentos feitos por poderosos em Hiroshima e Nagasaki, nem podemos corrigir esse erro, mas podemos impedir que novos males e novos erros provenham do mal uso de tecnologias. O passo mais próximo para isso é evitar o endeusamento desta, passando a vê-la e a usá-la apenas como criação humana: extremamente finita, apesar de quase ilimitada.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Hipermídia

Hipermídia: conectando mídias, abrindo espaços

Gilberto Medeiros

Imagine uma rede de pescar circular, digamos, aquele tipo de rede que, popularmente, é conhecida como “tarrafa”. Uma rede que, ao ser lançada ao rio, abre-se numa grande roda até atingir a água e depois desce às funduras, puxada pelas muitas chumbadas em suas bordas, fechando-se e enredando vários peixes, trazendo-os a lume quando arrastada de volta. Normalmente, cada tarrafa pesca um tamanho de peixe. Mas imagine que esta tarrafa, em particular, possua malhas para pescar todos os peixes, independentes de seus tamanhos. Então ela trará à tona todo tipo de peixe.

Penso que a Hipermídia seja algo desse tipo, embora não limitada a um círculo como uma tarrafa, mas ampla, cada vez mais ampla, pescando em sua rede todo tipo de mídia social, sites, blogs, todo tipo de mídia e dados de computadores. Pereira compreende a Hipermídia da seguinte forma: “uma nova e diferente forma de conectar diversas mídias (multimídia) ou dados de computadores”.

Analise agora esta figura:

Nada nela se parece com a imagem da rede/tarrafa que descrevi acima. Seu efeito, porém, é bastante parecido. Imagine os elementos representados nessa imagem e como ela foi criada. Sabemos, à primeira vista, que é uma imagem produzida em computador. Mas um artista poderia tê-la feito numa pintura à mão, sem dúvida, mas por qual motivo? Possivelmente o mesmo: representar, mesmo que de maneira “limitada”, o fenômeno que é a Hipermídia hoje. Mas sendo produzida em computador traduz de maneira mais eficiente o significado de Hipermídia. Digamos, é um ícone. Esta é uma das imagens mais acessadas atualmente e mais reproduzidas em trabalhos e textos da web, e mesmo acadêmicos, simplesmente pelo fato de expressar claramente a realidade da Hipermídia no contexto do Ciberespaço.

Pereira afirma que a “hipermídia configura-se como a nova linguagem própria do ciberespaço, sendo uma extensão do conceito de hipertexto” (no futuro falaremos de hipertexto). Podemos dizer da linguagem mais recente do Ciberespaço, pois conecta diferentes tipos de mídias nos espaços de ligação entre computadores e redes (o Ciberespaço, na concepção de Lévy).

Fica claro que Hipermídia é uma nova forma de ligar informações advindas de mídias espalhadas pelo globo, conectadas através da internet, representando uma nova linguagem, na qual dialogam elementos de comunicação como o texto, a imagem, o som e o vídeo, complementando informações e construindo novos domínios.

Através da Hipermídia, a conexão com o mundo torna-se mais ampla e mais eficaz, além de mais dinâmica, pois ela é uma forma de comunicação muito flexível e não linear. A não linearidade da Hipermídia possibilita o acesso a novos elementos, como textos, imagens, sons e vídeos guardados em outros ambientes virtuais através dos hiperlinks criados quando roteirizamos um objeto midiático.

Podemos dizer que a Hipermídia nos coloca, de fato, dentro da web e dentro do mundo digital midiático através das muitas ligações entre objetos diferentes, como os citados acima.

A figura de construção de fundo da Hipermídia pode ser representada na imagem a seguir. Cada hiperlink remete a uma nova figura ou mídia digital que, por sua vez, nos leva a outra figura ou mídia digital e assim sucessivamente, digamos, até o infinito onde podemos chegar por meio dessas ligações.

Voltemos à imagem da tarrafa do início deste texto: digamos que cada seta seja uma linha da tarrafa, cada imagem representando páginas, telas de computador, computador, fotografia de uma reunião etc., só pode ser, metaforicamente, um “peixe”.

Para experimentar como funciona a Hipermídia, convido o leitor a passar o cursor sobre cada imagem e cada palavra colorida no meio do texto e clicar sobre elas, pois elas são hiperlinks que remeterão a outras páginas da web onde poderão ser encontradas, tanto as imagens como explicações sobre os autores citados. Na verdade, este é apenas um hipertexto, um dos elementos mais utilizados na Hipermídia. Uma representação mais ampla requer a apresentação de sons e vídeos, além dos textos e imagens, compondo, assim, uma representação mais clara da nova linguagem do ciberespaço, a Hipermídia.

Podem consultar...

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
PEREIRA, Diego Vinicius de Castro et als. Programa de Formação Continuada. Módulo VII: Elaboração e Produção de Material em EAD. Parte II: Elementos de Multimídia e Hipermídia. Montes Claros – UNIMONTES, 2012.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Artigo Avaliação na EAD

A AVALIAÇÃO NA EAD: UM CAMINHAR DIFERENTE

Gilberto A. S. Medeiros1; Gilson Fonseca Mota2; Hilda Marta G. Antunes3;
1Habilitado em História pela UNIMONTES. Professor de história. Tutor presencial do Curso Técnico em Multimeios Didáticos do IFNMG. Coordenador/Diretor de Centro de Educação Infantil. 2Graduado em Sistemas de Informação. Trabalha na MCTrans. Tutor a Distância no IFNMG. 3Habilitada em Pedagogia pela UNIMONTES. Especialista em Educação Básica na Rede Pública na E.E. Levi Durães Peres em Montes Claros. Professora tutora no curso de Pedagogia da UNIUBE EAD em Montes Claros e Janaúba, MG.

Resumo: O presente artigo apresenta elementos que compõem o novo contexto educacional configurado pelos ambientes digitais de aprendizagem, assim como as suas relações com o processo de avaliação da aprendizagem. Apresenta também a necessidade de que haja uma preocupação em utilizar a avaliação como estratégia pedagógica, e não como instrumento de verificação da aprendizagem.

Palavras-chave: Educação a distância; avaliação da aprendizagem; ambientes digitais de aprendizagem.

Introdução

No mundo moderno predomina o conceito de evolução acelerada, sobremaneira, nas tecnologias. O fato de a sociedade viver submersa ao desenvolvimento tecnológico da humanidade, imprime a percepção de que mesmo a história parece andar mais rápido. Tal como a tecnologia e a história, a educação vem passando por novo processo de desenvolvimento.
O surgimento da EaD no século XIX trouxe à tona novo cenário da realidade educativa para a humanidade. Hoje, essa modalidade de educação submete-se ao desenvolvimento e ampliação das tecnologias da informação e comunicação (TICs), as quais, adentrando o ambiente educacional, possibilita novas maneiras de educar e avaliar o processo de ensino aprendizagem.
Este trabalho objetiva apresentar novos elementos do contexto de ensino aprendizagem na EaD, o uso de recursos digitais nesse processo e apontar a avaliação em EaD como processo contínuo e processual. Constitui-se de uma pesquisa bibliográfica.

Contextualizando a avaliação em EaD

A história do processo avaliativo da aprendizagem no Brasil demonstra atitudes centradas em quem avalia. Até muito recentemente, não se levou em conta as capacidades de aprendizagem do aluno como sujeito educacional, nem seu contexto. Os métodos avaliativos concentravam questões com perguntas e respostas exatas, mormente retiradas das anotações do professor, aplicadas no quadro negro, ou de algum material utilizado por este ao ministrar suas aulas. O nome comum para as avaliações resultantes desse processo é “prova”, escrita ou oral. Tal processo era demasiado subjetivo, no qual valia a opinião do avaliador, no caso o professor, em detrimento da opinião do avaliado, no caso, o aluno.
Na prática, qualquer profissional da educação, que prese o mínimo a aprendizagem de seus alunos, percebe que a avaliação da aprendizagem vem sendo aplicada de forma a “medir” os resultados de um processo de ensino aprendizagem em grande medida deficiente. Moura ressalta que “a avaliação tem sido praticada para aprovar ou reprovar os alunos, caracterizando-se como uma ameaça que intimida o aluno” (MOURA, 2007, p. 01).
Pode-se indagar sobre o processo de avaliação da aprendizagem em EaD a partir do exposto acima: se na educação presencial, onde ocorre maior contato entre professor e aluno o processo avaliativo ainda é, em grande medida, usado como meio para intimidar e medir conhecimento, como poderia ser na educação a distância, onde o contanto entre aluno e professor dilata-se para além das salas de aula comuns e do ambiente físico limitado por um prédio escolar e suas mediações?
Pinto acredita que a

avaliação da aprendizagem na EAD visa trabalhar uma complexidade maior de competências cognitivas, transformando o aluno em autodidata, onde ele tenta construir o pensamento, buscando os próprios caminhos e direcionamento para o estudo a distância (PINTO, 2009, p. 03).

O método proposto pela EaD, apresentado por Pinto, pretende levar em consideração as competências que o aluno desenvolve no processo de ensino aprendizagem. Primeiramente, considera o aluno sujeito do seu próprio processo educativo, não como mero espectador da aplicação de conteúdos totalmente pré-definidos pelo professor ou pelo sistema educativo. Considera-o capaz de construir seu aprendizado e protagonizá-lo. Depois, possibilita ao aluno organizar e definir seu tempo e espaço educativos, capaz geri-los a partir da sua liberdade em escolher onde estudar e como estudar.
Fator de suma importância na proposta avaliativa da EaD, referida por Pinto, é o de pretender transformar o aluno em autodidata, onde o mesmo pode construir não apenas o seu pensamento, mas contribuir para a construção do pensamento dos outros. Por outros entende-se, aqui, aqueles que estão em direta relação com o estudante: professores e colegas em primeiro lugar, família, amigos e comunidade em segundo lugar, leitores e admiradores de suas produções e criações  em último lugar.
O autodidatismo no processo avaliativo em EaD, além de ser uma propostas nova e ousada, vai contra quase tudo que se pode perceber em avaliação da aprendizagem até o momento. Soma-se a isso a condição desse processo de se dar de maneira contínua e processual, ou seja, durante a realização de todo um curso em EaD, e não apenas como fechamento de conteúdos ou de cursos, apenas através de “provas ou testes” (PINTO, 2009, p. 03).
Afora toda a discussão em torno da avalição em EaD como objeto novo no processo ensino aprendizagem voltada para uma nova forma de avaliar, permanece ainda o questionamento: por que “provas” de múltipla escolha ou mesmo abertas nas chamadas Avaliações Online” (AO)? Ou: por que avaliações presenciais, em determinados cursos, se a propostas inovadora é aponta outra direção?
Parte disso deve-se ainda a ligações aos métodos avaliativos tradicionais. Muitos dos avaliadores em EaD são também avaliadores na educação presencial que ainda não desprenderam-se de seus métodos avaliativos arraigados em subjetividades. Não raro, constata-se também a presença de alunos que acreditam que a forma correta de avaliar é aquela por meio de provas escritas ou orais, isto é, as avaliações advindas dos métodos tradicionais.
Outra parte da constante presença de provas escrita na EaD deve-se às normas legais estabelecidas pelos sistema educacionais e pelo próprio Ministério da Educação e da Cultura (MEC), exigindo que parte das avaliações em educação a distância seja presencial e objetiva, no sentido de respostas de múltipla escolha ou escritas, embora já existam entidades educativas que realizem suas avaliações totalmente online.
Mesmo a avaliação em EaD apresentando tais dificuldades, ela não deixa de ser um processo diferente do método tradicional, sobretudo porque pode-se desenvolver por meio de recursos tecnológicos introduzidos na educação pelo avanço das novas tecnologias da informação e comunicação, as popularmente conhecidas TICs. O uso de novos recursos tecnológicos no processo de ensino aprendizagem e da avaliação da aprendizagem em educação possibilitou o surgimento dos ambientes digitais de aprendizagem. O que caracteriza esses ambientes digitais de aprendizagem? O que são tais ambientes?
Segundo Caldeira,

a introdução de formas diversificadas de interação, a possibilidade do registro e eventual classificação dessas interações, as formas de intervenção do professor e dos pares são algumas das características que configuram os ambientes digitais de aprendizagem como espaços totalmente diferenciados dos presenciais, e ao mesmo tempo diferenciados do modelo clássico de educação a distância, onde aprender era uma tarefa praticamente solitária (CALDEIRA, 2004, p. 01).

            Os ambientes digitais de aprendizagem são ambientes como as plataformas Moodle, os Wikis, os AVAs entre outros, por meio dos quais pode-se realizar todo um processo educativo destacando a interação entre as partes: professores, gestores, alunos...
De tal modo, a interação entre avaliador e avaliado no processo de ensino aprendizagem em EaD é fundamental para uma avaliação contínua e processual. Além disso, conforme Caldeira, esses ambientes digitais de aprendizagem e avaliação registram e classificam as formas de interação entre professor e aluno, bem como possibilitam feedbacks entre os sujeitos da educação.
Vê-se, portanto, ampla diferença entre o processo tradicional de avaliação em educação e o processo proposto pela EaD. Em sendo a EaD, atualmente, modelo de educação quase totalmente online (OLIVEIRA e CRUZ, 2010) , via meios digitais, faz-se necessário uma breve abordagem dos principais recursos utilizados, ou que podem ser utilizados, na avaliação e EaD.

Usando novos recursos tecnológicos na avaliação da aprendizagem em EaD

            Antes de prosseguir aos recursos que podem ser utilizados na avaliação em EaD, é preciso destacar as características fundamentais dos ambientes digitais de aprendizagem que esses recursos possibilitam. Caldeira cita cinco características importantes: assincronicidade, comunicação escrita (tendo o texto por base), multiplicidade (interatividade), independência e mediação por computador (CALDEIRA, 2004, p. 02).
            Pode-se ainda acrescentar pelo menos mais três características importantes possíveis nos últimos anos pelo avanço das tecnologias e dos meios de comunicação: uso predominante da internet, uso de imagens e vídeos e mediação por meio de objetos midiáticos que não o computador (como smartfone).
            Pinto elenca uma série de recursos tecnológicos que podem ser utilizados como meio no processo de avaliação do ensino aprendizagem em educação a distância:

1) diários de bordo: Registro onde aluno e professor podem registrar todos os avanços no decorrer da disciplina, 2) fóruns de Discussão: Ferramenta assíncrona onde alunos, tutores e professores podem trocar informações e experiências sobre um determinado tema ou assunto pré-estabelecido para discussão, 3) chats (bate papo): Ferramenta síncrona onde alunos podem tiram suas dúvidas com os tutores e professores, debater algum assunto que ficou pendente (PINTO, 2009, p. 07).
           
            Além desses recursos, Pinto (2009) indica outros que podem ser utilizados por professores e alunos em avaliações do aprendizado em EaD. Tais como os mapas conceituais (chamados também de cartografia cognitiva), por meio dos quais os professores podem avaliar a capacidade de absorção de conhecimento do aluno e sua habilidade sintética; e várias ferramentas que os alunos dominam em seu dia-a-dia, como os “sites de relacionamentos orkut, Hi5 e MySpace, blogs, Second Lifev e Jogos Interativos” (PINTO, 2009, p. 07), por meio dos quais os alunos podem expressar suas opiniões e publicar mensagens curtas bem como posts significativos sobre educação entre outros temas.
Ainda podem ser utilizados os sites de compartilhamento de vídeo e fotos, como: youtube e Picassa e Flickrvi, por meio dos quais os alunos podem compartilhar produções realizadas em atividades várias em cursos de EaD ou vídeos sugeridos por eles como fontes para ampliar o conhecimento; o ning, o facebook e mesmo o twitter, pelos quais os alunos podem criar redes de comunidades alcançando maior interação no processo educativo.
 Por fim, Pinto aponta a Wiki como fundamental na avaliação em EaD, conceituando-a como “ferramenta online para a criação colaborativa de páginas para a internet, tendo como principal objetivo a construção de textos de forma colaborativa onde não existe um único autor e sim um conjunto de colaboradores” (PINTO, 2009, p. 08).
O uso da Wiki no processo avaliativo em EaD destaca o autodidatismo do aluno e a interatividade na aprendizagem em EaD como pontos fundamentais na construção de uma nova forma de avaliar na educação.

Conclusões

Após o exposto neste texto, conclui-se que o processo de avaliação da aprendizagem em EaD precisa e deve-se configurar em um processo contínuo, que considere o aluno como sujeito e como autodidata. Esse processo ainda é um desafio para a educação a distância devido ser uma novidade.
Conclui-se ainda que a EaD pode disponibilizar de vários recursos tecnológicos para sua avaliação da aprendizagem, afastando-se, assim, cada vez mais, dos métodos tradicionais e subjetivistas, nos quais o aluno não tem voz ou vez, ficando restrito ao professor a decisão de indicar o certo ou errado na elaboração do conhecimento por meio de avaliações restritivas e subjetivas.
Por fim, o uso de novos recursos em avaliação da aprendizagem em EaD, não é apenas resultante das transformações tecnológicas modernas, mas urgência educativa que visa ampliar os horizontes da avaliação em EaD, valorizando o contexto de vida e cotidiano do aluno e suas perspectivas educativas e profissionais.

Referências

CALDEIRA, Ana Cristina Muscas. Avaliação da aprendizagem em meios digitais: novos contextos, 20004. Disponível em http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/033-TC-A4.htm Acesso em 06 de ag. de 2015.

OLIVEIRA, Valéria do Carmo de; CRUZ, Fátima Maria Leite. A avaliação da aprendizagem na educação a distância: um estudo sobre as concepções docents na ead online. IN 3º Simpósio Hipertexto e Tecnologias da Educação: redes sociais e aprendizagem. Anais Eletrônicos, 2010. Disponível em https://www.ufpe.br/nehte/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2010/ Acesso em 06 de ag. de 2015.

MOURA, Lucilene Tolentino. Avaliação escolar e afetividade. 2007. Disponível em http://saci.org.br/?modulo=akemi&parametro=19976 Acesso em 06 de ag. de 2015.

PINTO, Ibsen Mateus Bittencourt Santana. Avaliação da aprendizagem na ead. 2009. Disponível em http://www.abed.org.br/congresso2009/CD/trabalhos/2752009231050.pdf Acesso em 06 de ag. de 2015

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